A Mão e a Luva

A Mão e a Luva é o segundo romance escrito por Machado de Assis, publicado em 1874, sua primeira experiência como folhetinista de jornal, seguindo o exemplo de seus amigos Manuel Antônio de Almeida e José de Alencar. Publicado em 20 folhetins, com o subtítulo "Um perfil de mulher", nos rodapés de O Globo, jornal dirigido por Quintino Bocaiúva, entre 26 de setembro e 3 de novembro (não diariamente).

Conquanto se trate de uma "história de amor" — de uma mulher de personalidade forte, Guiomar, assediada por três pretendentes a marido — enquadrada na fase "romântica" do autor, em vez dos recursos clássicos do romantismo — enredos rocambolescos, plenos de coincidências, reviravoltas, surpresas, suspenses — Machado, como já ocorrera no romance de estreia, Ressurreição, prefere um texto contido, minimalista em termos de trama, de análise psicológica, mas com uma elegância estilística que continuaria aperfeiçoando até atingir seus píncaros na chamada "fase realista". A história transcorre em Botafogo, então um simples arrabalde (o que hoje chamaríamos de subúrbio) repleto de aprazíveis chácaras.

By : Joaquim Maria Machado de Assis (1839 - 1908)

00 - Advertências



01 - O fim da carta



02 - Um roupão



03 - Ao pé da cerca



04 - Latet Anguis



05 - Meninice



06 - O Post-Scriptum



07 - Um rival



08 - Golpe



09 - Conspiração



10 - A revelação



11 - Luís Alves



12 - A viagem



13 - Explicações



14 - Ex abrupto



15 - Embargos de terceiro



16 - A confissão



17 - A carta



18 - A escolha



19 - Conclusão


O enredo conta a história de Guiomar, uma moça que no início da história (quando Estêvão se apaixona pela primeira vez por ela) está com 17 anos, afilhada de uma baronesa, "criaturinha galante e delicada, assaz inteligente e viva, um pouco travessa" e que deseja ascender socialmente. Ela é disputada por três homens: Jorge, Estêvão e Luís Alves. Estêvão "logo a amou, como se ama pela primeira vez na vida - amor um pouco estouvado e cego, mas sincero e puro", porém é um caráter fraco, vacilante, indeciso, nascido mais para derrotas do que para vitórias. Jorge, sobrinho e preferido da baronesa, "vivendo do pecúlio que dos pais herdara e das esperanças que tinha na afeição da baronesa", tem um amor "pueril e lascivo", como descreve o próprio Machado de Assis. Luís Alves começa a admirar Guiomar apenas depois, com o passar do tempo. Porém, é um meio-termo entre os dois primeiros, pois ele é um homem resoluto e ambicioso. Jorge, com o apoio da baronesa e de sua governanta inglesa, Mrs. Oswald, pede a mão de Guiomar. No dia seguinte, Luís Alves faz o mesmo. Então, a baronesa pede a Guiomar que se decida entre os dois pretendentes ("escolhe com plena liberdade aquele que te falar ao coração"). Guiomar diz que escolhe Jorge, porém a baronesa sabe que a afilhada quer casar-se com Luís Alves. Depois, Guiomar e Luís Alves casam-se e o trecho final do livro justifica seu título:

— Mas que me dá você em paga? Um lugar na Câmara? Uma pasta de ministro?
— O lustre do meu nome, respondeu ele.

Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido, e as duas ambições trocaram o ósculo fraternal. Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão...

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